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Desvendando a Diástase Abdominal: mitos e verdades

Bem-estar e Saúde

Desvendando a Diástase Abdominal: mitos e verdades

Muito comum durante a gravidez e no pós-parto, a Diástase causa o afastamento dos músculos retos abdominais e acomete até 30% das mulheres.

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Amanda Lôbo

Atualizado há 1 ano • 9 min de leitura

O crescimento de estudos e pesquisas sobre a Diástase pode fazer parecer que os casos dessa doença têm aumentado nos últimos anos, mas não. Essa é uma condição que sempre assombrou as mulheres durante a gravidez e no pós-parto, a diferença é que, com a difusão de informação sobre o tema, essa condição tem sido discutida e diagnosticada com mais frequência. Entenda mais sobre o assunto, causas, diagnóstico e tratamentos.

O que é Diástase? 

Diástase do Músculo Reto Abdominal (DMRA) é a condição caracterizada pelo afastamento dos músculos retos do abdômen. O que ocorre é que quando os músculos abdominais se estendem de forma sucessiva ou exagerada, por causas diversas, as fibras se desgastam, perdem elasticidade e acabam não retornando para a posição anterior. Com a frouxidão da musculatura da área central da região abdominal, um espaço é aberto entre os músculos retos e essa abertura torna-se, em certo grau, definitiva. Esta é a condição chamada de Diástase.

Apesar de ser muscular e indolor em alguns casos, essa é uma condição que pode sim ser considerada doença, porque caracteriza uma alteração biológica no estado de saúde do corpo, provocando sintomas perceptíveis e que, para ser revertida, demanda tratamento específico.

O abdômen desempenha a função de uma espécie de "cinturão" que protege os órgãos abdominais e tudo o que está dentro da cavidade abdominal. Além da função de proteção, os músculos abdominais fazem parte da dinâmica de respiração, auxiliam na postura, na estabilização da coluna e nos movimentos do tronco. Participam também das funções que envolvem espirro, tosse, trabalho de parto e evacuação. Logo, com a Diástase, muitas dessas funções podem ficar comprometidas e por isso é preciso se preocupar com essa condição mais do que se imagina.

A Diástase na mulher grávida ou puérpera 

Os casos mais comuns são diagnosticados em gestantes e puérperas, isso porque na gravidez há aumento do útero para criar espaço para o feto e, consequentemente, ocorre a extensão do abdômen. Quando esta extensão é maior do que o esperado, tem-se a separação dos músculos reto abdominais.

Durante a gestação ou mesmo após, a Diástase não causa qualquer dor ou desconforto e pode ser mais rara em mulheres que possuem bom tônus muscular no abdômen, isto é, que possuem força nos músculos abdominais, geralmente em virtude de exercícios regulares e bem feitos.

Alguns fatores podem ser considerados como pré-disposições: 

  • Flacidez na musculatura abdominal antes da gravidez;
  • Idade avançada da mãe;
  • Sobrepeso;
  • Obesidade;
  • Excesso de ganho de peso durante a gravidez;
  • Gestações múltiplas;
  • Macrossomia fetal (quando o tamanho do feto é maior que o esperado);
  • Cesarianas.

No caso de gestantes, a incidência da Diástase é mais comum no terceiro trimestre de gestação e no pós-parto imediato.

Outras causas da Diástase Abdominal

Ainda que a maioria das pesquisas relacionadas à condição de Diástase sejam direcionadas aos casos que ocorrem em mulheres grávidas ou puérperas, essa não é a regra. 

O excesso de peso em atividades físicas e a prática de exercícios feitos da forma errada, para satisfazer a busca pelo abdômen bonito e definido, podem contribuir para o afastamento dos músculos, resultando em Diástase

A preocupação maior está na prática do halterofilismo, no carregamento excessivo de peso e em exercícios executados da forma incorreta, práticas que aumentam a pressão intra-abdominal. Existem casos, inclusive, que foram diagnosticados como provenientes da má execução de exercícios de Pilates, que em sua maioria costumam ser leves e trabalhar bem a respiração. 

Pouco abordada, a Diástase em homens também merece atenção. Nestes casos, ela normalmente ocorre por aumento de peso ou por grandes esforços abdominais. O acúmulo de gordura da região abdominal, associado à distensão constante ou ao que chamamos de "efeito sanfona", deforma a parede abdominal, causando o afastamento dos músculos.

A idade também pode ser um fator de pré-disposição à doença, assim como a fraqueza hereditária dos músculos abdominais e as doenças crônicas que interferem na pressão abdominal.

A importância da prevenção

Apesar das causas de Diástase serem muitas e envolverem situações comuns do dia a dia de qualquer pessoa, existem medidas eficazes para se prevenir. 

No caso da Diástase nas mulheres grávidas ou puérperas, infelizmente não há uma forma específica de se prevenir, apenas algumas medidas que podem auxiliar: 

  • Respeitar o intervalo de no mínimo 2 anos entre as gestações;
  • Obter acompanhamento fisioterapeuta em conjunto com o obstetra para avaliação e identificação da Diástase;
  • Realizar exercícios de fortalecimento do abdômen de forma guiada e específicos para gestantes.

Outra alternativa para mulheres gestantes é optar pela caminhada, um exercício de baixo impacto, ou pelo Pilates, que explora a respiração de forma correta, contribuindo para que, durante essa atividade, a distensão dos músculos do abdômen ocorra dentro da normalidade.

Já no caso do aparecimento de Diástase em decorrência de complicações de atividades físicas, o segredo da prevenção é realmente praticar exercícios sempre com o acompanhamento de profissionais. Optar pela realização de abdominais utilizando a força das pernas, ao invés dos movimentos do tronco, pode ser uma ótima medida preventiva.

Exercícios utilizados para tratamento de dores na lombar ou direcionados para o fortalecimento do abdômen, também compõem uma boa estratégia de profilaxia, desde que realizados da forma correta.

Por fim, para os casos decorrentes de obesidade ou pré-disposição genética, o ideal é se prevenir conforme orientação médica, quando então a profilaxia será personalizada para cada caso e acompanhada por profissionais.

A influência dos sintomas no diagnóstico

Na gravidez ou no estado puerpério, o diagnóstico é feito através de acompanhamento médico, exame físico, exames de imagem, ultrassonografia da parede abdominal ou tomografia para verificar o tamanho da área de fraqueza entre os músculos e da gravidade da distensão muscular. 

A importância da análise clínica é justamente definir o tipo de tratamento, que será diferente para cada grau de distensão. O espaço entre os retos abdominais pode chegar até 10 cm

A Diástase pode também ser detectada com autodiagnóstico. Em caso de sintomas como dores na lombar, nádegas e coxas ou se a região abaixo do umbigo se apresentar mais flácida que o normal, com protuberâncias ao levantar peso, espirrar, tossir e agachar, é recomendado procurar um médico, para então chegar ao diagnóstico definitivo. 

Possíveis consequências e complicações 

As consequências menos graves da Diástase envolvem os sintomas já mencionados, que basicamente são caracterizados por dores locais e constatação de flacidez e protuberâncias perto do umbigo, principalmente em atividades que envolvem esforço, como atividade física, sentar, levantar, espirrar, entre outras.

A Diástase por si só não provoca dor e nem desconforto, e no caso da mulher grávida, por ser uma alteração fisiológica, não implica em complicações para o organismo materno ou para o feto.

Por outro lado, em alguns casos, os sintomas podem ser um pouco mais graves e preocupantes, tais como: 

  • Dores fortes nas costas;
  • Surgimento de hérnias;
  • Disfunções no assoalho pélvico;
  • Mal funcionamento da mecânica respiratória;
  • Postura inadequada;
  • Redução da integridade do core. 

A Diástase pode também interferir no controle lombo-pélvico, na defecação e no parto, além de provocar incontinência urinária e fecal.

Alternativas de tratamento existentes

Uma vez diagnosticada a Diástase, existem algumas opções de tratamento para amenizar os efeitos colaterais externos. O tipo de tratamento e a intensidade vão variar conforme o tamanho do afastamento que foi diagnosticado.

A mais indicada delas é a fisioterapia, que possui recursos essenciais para a eliminação da Diástase através de técnicas como eletroterapia, cinesioterapia, pilates e hidroterapia. Entretanto, os estudos são insuficientes para comprovar a eficácia desses tratamentos na prevenção ou cura total da doença.

Outros estudos recentes sobre o assunto indicam que apesar de não garantir a cura, o tratamento fisioterapêutico, aliado ao acompanhamento médico, poderá favorecer o retorno do posicionamento dos ventres musculares estado pré-gravídico, auxiliando no tratamento dos efeitos colaterais, nas disfunções e na recuperação da imagem corporal ideal.

Por outro lado, pesquisas indicam que exercícios físicos de fortalecimento muscular também proporcionaram resultados satisfatórios, principalmente se associados a atividades aeróbicas. Essa é uma alternativa para os mais conservadores, que não queiram optar por tratamentos através de procedimentos, porém, ainda assim, é fortemente recomendado que sejam realizadas com acompanhamento médico.

Caso exista a impossibilidade de recorrer a estes tratamentos, existem algumas medidas que quem é acometido pela Diástase pode adotar. No caso de mulheres grávidas, por exemplo, ou no pós-parto, é recomendado evitar dobrar o corpo para frente, evitando inclinações. 

Já nos casos em geral, o indicado é evitar qualquer tipo de atividade que exija esforço excessivo dos músculos abdominais, pois o aumento da pressão intra-abdominal pode piorar a Diástase e colaborar para o surgimento de hérnia na parede abdominal.

No entanto, ainda que exista essa quantidade considerável de alternativas de tratamento, o que configura um grande avanço nos estudos relacionados ao tema, estas possuem eficácia apenas em situações menos severas.

A cirurgia no tratamento de Diástase

Nos casos mais severos de Diástase, infelizmente, a melhor e mais eficaz saída é optar pela cirurgia. A indicação cirúrgica ocorre normalmente quando a estrutura dos músculos abdominais sofrem danos significativos, de modo que os tratamentos alternativos que geram tensão muscular já não sejam suficientes para garantir a pressão abdominal ideal para recuperar a condição normal do abdômen. 

A cirurgia é indicada nos casos pós-parto quando a mulher apresenta dores na lombar e na pélvis ou incontinência, e é prescrita geralmente depois de 1 ano realizando tratamentos. A mesma cirurgia pode ser prescrita para homens e mulheres não gestantes.

O procedimento é recomendado também para os casos em que os músculos estão tão afastados que o conteúdo abdominal pode ser palpável, gerando desconforto. 

E, por fim, pode ser prescrita para casos em que o tratamento não resolveu a dor na lombar e o controle pélvico, e em casos em que o assoalho pélvico ainda está comprometido.

A cirurgia normalmente é realizada por cirurgião plástico já que, além da correção muscular, ela envolve reparos estéticos externos. O procedimento geralmente leva o mesmo tempo de uma abdominoplastia.

Com o avanço da tecnologia cirúrgica, tem se difundido a cirurgia robótica para Diástase, que tem a vantagem de não ser realizada por meio de corte transversal no abdômen, uma manobra relativamente agressiva.

A cirurgia robótica é realizada através de 3 furos próximos ao umbigo e pinças robóticas são manejadas pelo cirurgião para fechar a área distendida no centro do abdômen. Os pontos internos serão responsáveis por fixar os músculos. 

A Diástase na estética e na cosmética

Cada vez mais a discussão acerca de Diástase tem sido levantada no universo da estética. Esta é uma ciência voltada para a reflexão acerca da beleza e da saúde e que possui como propósitos tanto o tratamento de disfunções estéticas, quanto o de recuperar a auto-estima.

Considerando esses propósitos, o posicionamento da estética em relação à Diástase não seria diferente. Ainda que em caráter alternativo, esta área se vale da cosmética para oferecer soluções para algumas das consequências da Diástase, dentre as quais a principal: flacidez.

Antes de iniciar o tratamento, o profissional da estética identifica a condição através de uma anamnese que envolve uma série de testes e medições. Constatada a Diástase, o tratamento poderá combinar equipamentos indicados e aplicação tópica de produtos cosméticos. 

É nesta associação que entra o papel da cosmética na Diástase. A grande maioria dos procedimentos comporta, em seus protocolos, técnicas de massagem corporal que são aplicadas com o auxílio de cremes. 

Para auxiliar no tratamento, os cosméticos ideais contam com fórmulas que possuem ativos eficientes na queima de gordura, na redução da flacidez, no estímulo do metabolismo das células, na renovação celular e na reestruturação da firmeza da pele.

Ainda assim, os especialistas em estética corporal são categóricos em afirmar que o protocolo deve ser associado a exercícios físicos direcionados para a correção da Diástase e o acompanhamento médico é essencial. Só assim os resultados poderão ser notados.

Referências

RETT. Mariana Tirolli, ARAÚJO. Fabiane Ramos de, ROCHA Isabela, SILVA. Rosemary. Augusta da. Diástase dos músculos retoabdominais no puerpério imediato de primíparas e multíparas após o parto vaginal. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fp/a/FGWYrcrS4Y83x4PM7DmPgdS/?format=pdf&lang=pt. Acesso em mar.2022.

ANDRADE. Angela Viegas, MESQUITA. Lucian Aparecida, MACHADO. Antônio Vieira. Fisioterapia para Redução da Diástase dos Músculos Retos Abdominais no Pós-Parto. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgo/a/w7zHv8SwNQbC4xVmHfVfddC/?format=pdf&lang=pt. Acesso em mar.2022.

LEITE. Ana Cristina da Nóbrega Marinho Torres, ARAÚJO. Kathlyn Kamoly Barbosa Cavalcanti. Diástase dos retos abdominais em puérperas e sua relação com várias obstétricas. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fm/a/FBDDqhy5Gys38LJVmN45YLd/?lang=pt. Acesso em mar.2022.

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